sexta-feira, 19 de abril de 2024
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Blumenau

O nazismo em terras catarinenses

Uma ligação que de certa forma é ocultada até hoje são os fortes laços do nazismo alemão de Adolf Hitler com o Integralismo. O partido teve grande influência no governo do ditador Getúlio Vargas, no poder de 1930 até 1945. Blumenau, em Santa Catarina, tinha não só eventos integralistas, mas até uma sede do partido nazista.

E a maioria dos adeptos do integralismo era residente no Rio Grande do Sul, nas cidades de Novo Hamburgo, São Leopoldo, e em Santa Catarina nas zonas de colonização alemã: Joinville, Brusque e Blumenau, cidade que realizava marchas em fileiras ao maior estilo nazista alemão.

Sede do partido nazista em 1934 na Rua 15 de Novembro
Sede do partido nazista em 1934 na Rua 15 de Novembro

Integralismo

Oficialmente o Integralismo omitiu-se a respeito da campanha anti-semita empreendida pelos seus líderes, apesar de o movimento ter inspirado seus rituais no universo ideológico fascista e no nacional-socialismo.

O maior número de obras anti-semitas publicadas durante a era Vargas é de autoria dos adeptos. Esse foi o principal partido da extrema direita que vigorou durante o Estado Novo em busca do poder político, cujos integrantes foram identificados com os nazi-fascistas quanto as suas atitudes e ideologia.

Uma série de obras anti-semitas foram traduzidas e reeditas nos anos de 1930 pelos adeptos do movimento, um verdadeiro centro da irradiação da propaganda contra os judeus. A representação da corrente mais radical é a de Gustavo Barroso, Bacharel em Direito no Rio de Janeiro em 1912.

Na imagem cópia do Jornal a Noite, de São Paulo: a conexão entre o integralismo e o nazismo no sul do Brasil
Na imagem cópia do Jornal a Noite, de
São Paulo: a conexão entre o integralismo
e o nazismo no sul do Brasil

Quem foi Barroso

Segundo Júlio José Chiavenato em sua obra “O inimigo eleito”, Gustavo Barroso foi o grande ideólogo e a personalidade mais rica do anti-semitismo brasileiro, além de fanático, sectário e ignorante dos métodos de análise e pesquisa histórica.

Muito conceituado na Alemanha, teve suas obras elogiadas pelo Jornal Der Strümmer, de Július Streicher, o papa do racismo alemão, além de ser chamado de o Führer do integralismo brasileiro pelo Deutsche La Plata Zeitung, de Buenos Aires.

Neste contexto, suas idéias encontraram ecos entre os partidários do sigma. Seus conceitos e valores foram alimentados pelos contatos com a Alemanha, além do que, recebeu durante muito tempo, dinheiro nazista do Banco Alemão Transatlântico.

A gênese anti-semita das obras de Barroso pode ser identificada a partir dos seguintes fatos: era filho de uma alemã de Württemberg, o que lhe valeu o sobrenome Dodt; sua familiaridade com o conteúdo de obras tipicamente antisemitas; correspondência mantida com os dirigentes do nazismo alemão, das quais recebia constantemente material anti-semita.

Obras

É de sua responsabilidade a tradução do livro anti-semita “Os Protocolos dos Sábios de Sião”, pela qual elaborou o prólogo e inflamados comentários amplamente marcados pela ideologia racista, muitos dos quais deturpando conceitos e realidades. No Brasil, os seus leitores eram simpatizantes ou adeptos do integralismo.

A Nova Alemanha de Adolf Hitler sempre impressionaram Barroso, conforme deixou transparecer no prefácio que redigiu para a obra de Tenório d’ Albuquerque: a Allemanha grandiosa. Apresentada como “um milagre de ordem, de trabalho, de disciplina e de fé patriótica”, a Alemanha foi salva das garras dos judeus que a bolchevizavam por meio da social democracia de Weimar.

Desfile integralista
Desfile integralista

Fonte de pesquisa: O ANTI-SEMITISMO NA ERA VARGAS. Tucci Carneiro, Maria Luiza. Estudos. Editora Perspectiva. São Paulo, 2001.
Imagens: Arquivo Histórico José Ferreira da Silva – AHJFS

Sérgio Campregher
Sérgio Campregher
Sérgio Campregher é historiador pela Uniasselvi/Fameblu e fala sobre política nacional e internacional e curiosidades. Escreve de Blumenau.
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